O Portador, um texto de Antonio Candido sobre Nietzsche
O pensamento de
Nietzsche chegou muito cedo ao Brasil, por vias diretas e tortas. Mas foi em
1946, quando a difamação de Nietzsche estava em seu apogeu, especialmente nos
meios de esquerda, que se levantou uma primeira voz em sua defesa (ou melhor,
em defesa dos que estavam ameaçados de perder, por preconceito, o
"presente feito à humanidade" com sua obra): era um jovem crítico
literário de São Paulo, preocupado, já então, com a necessidade de "recuperarmos
Nietzsche". Hoje todos sabem quem é Antônio Cândido (1918-2017). Mas poucos da nova
geração tiveram oportunidade de conhecer esse ensaio, publicado pela primeira
vez no rodapé semanal do Diário de São Paulo ("Notas de Crítica
Literária"), e incluído mais tarde no Observador Literário (Comissão
Estadual de Cultura, 1959), livro atualmente mais que esgotado. Hoje, que ao
menos em parte o preconceito se desfez e o trabalho filológico está trazendo a
obra à sua verdadeira luz, nada mais oportuno, depois da aventura através dos textos,
do que reter esse estudo e reconhecer a justeza, a coragem da lucidez, sempre
possível, mesmo em épocas traumatizadas (Rubens Rodrigues Torres
Filho). [ leia aqui a íntegra do artigo ]
desenho de Cássio Loredano